Uma entrevista com o ator Michael Emerson realizada no dia 09/04.

terça-feira, 10 de abril de 2012


Um café da manhã com... Michael Emerson

A série de televisão Lost foi onde o público realmente conheceu o ator e ex-ilustrador Michael Emerson. Aos 57 anos já ganhou dois Emmys – de melhor ator convidado em “The Practice” e melhor ator coadjuvante em “Lost” -  mas já foi nomeado para vários outros. Ele também é um ator de teatro realizado, e é casado com a atriz Carrie Preston. Atualmente, está fazendo uma série de drama da CBS “Person of Interest” com Jim Caviezel, a mesma vai ao ar toda quinta-feira às 9 da noite.

Alguma vez você já interpretou uma personagem que você não conseguia aguentar?

Que eu não consegui aguentar…não, Eu não acho que isso aconteceria com tanta frequência na vida de um ator, porque a única maneira que um ator – Eu diria – pode resolver o problema  de interpretar uma personagem é encontrar a coisa – talvez “gostar” seja uma palavra muito forte – encontrar o prazer de desempenhar o papel. Mesmo se você estiver interpretando um vilão. Quero dizer, você já interpretou vilões terríveis, mas eles tinham algo que para mim era compensador, como a precisão ou a sagacidade ou inteligência ou coragem. Sempre há algo compensador.
Deus, uma personagem que não pude aguentar. Sim, eu acho que já fiz alguns papéis malvados e algumas séries ruins também, mas... [risadas]. Parte do meu trabalho é fazer uma personagem, mesmo que seja uma personagem medíocre, meu trabalho é dar dimensão e nuance. Essa é uma pergunta excelente.

Então, entendendo isso, o que atraiu você para atuação?

Eu não sei. Isso tem ligação aos tempos de criança, eu acho. O escapismo disso? Eu era um garoto estudioso. Eu me prendia muito em livros, mundos de fantasia e aventura, e mistério. Eu não sei de onde eu tive a ideia que existia uma maneira que talvez isso nunca tivesse que parar. Eu cresci na parte rural dos EUA onde meu conjunto de habilidades ou aptidões não eram tão valiosos em um mundo meio que de esportes físico, e você sabe, trabalhos do mundo real e coisas do tipo. Eu apenas não me encaixava naquele mundo muito bem. Como eu disse, eu era tipo um garotinho franzino de óculos. Eu tinha que encontrar o que fazer comigo mesmo.



Quando você costumava a intrepretar quando era uma criança, coisas como “cops and robbers”, isso de certa forma é atuar... quero dizer, cada um desempenha um papel.

Sim, sim.  É atuação…eu tenho sido tanto ator como artista gráfico na minha vida, e ambos tem fortes origens da minha infância. Crianças interpretam, e elas também desenham. Em ambos os casos eles o perdem, ou desaparece, ou é treinado sem isso, ou qualquer coisa que eles tenham no sistema escolar. Ambos são coisas que já testei, talvez nem tão conscientemente, para prender.

Falando sobre ilustração e ser um artista, você ainda desenha?

Não, eu não desenho nada. Parte disso, deve-se ao fato de um tremor herdado na minha mão direita, e a única hora que minha mão fica estável é quando estou bebendo, então...[risadas]. E quem quer desenhar quando está tendo um bom momento? Eu tenho que lhe dizer, que não sinto tanta saudades assim.  Eu desenhei muito por um bom tempo, e o que quer que tenha sido que era satisfatório, eu encontro essa mesma satisfação no meu trabalho como ator. Eu acho que foi a minha esposa que sugeriu que eu ainda era um ilustrador. Eu estava apenas trabalhando em um meio diferente,e eu acho que há verdade nisso.

Sua esposa é atriz. Então, como é viver com outra pessoa que entende esse conjunto de habilidades?

Existem muitos tipos de atores e muitos tipos de relacionamentos entre atores. Nós somos pessoas que não ficam muito no modo “ligado”, eu diria. Ambos somos pessoas quietas quando não estamos gravando, e isso não interfere tanto nas nossas vidas. Nós conversamos sobre nossos trabalhos as vezes, mas não somos muito competitivos.
Eu acho que temos sido afortunados, muito mesmo, desde que conhecemos um ao outro temos andado razoavelmente ocupados. Então, nenhum tem que aguentar o falatório e obscuridade, enquanto o outro estava levando o mundo pela cauda. Ambos tivemos nossos altos e baixos. A única coisa que lutamos contra é o distanciamento, o que é imposto pelos negócios e o trabalho em diferentes cidades.

Enquanto a trabalhar com sua esposa. É fácil?

Sim, é divertido. É difícil para mim olhar para ela e não ver minha esposa, sabe? Então, isso é um pouco difícil. Mas, é muito fácil tecnicamente. Eu não me aflijo quando eu sei que minha parceira de cena é minha esposa, porque ela é uma ótima atriz e pode ser confiada em uma cena de profundo sentimento e um perfeito sincronismo, coisas que eu geralmente não vejo. Então, estou sempre em boas mãos, mesmo em pequenos pedaços engraçados, com ela.

Alguns atores dizem que sempre há um pouco deles nas personagens, enquanto outros tentam se imergir completamente. E quanto a você?

Eu não penso muito sobre isso. Eu sou um ator técnico. Eu não sou um tipo de pessoa metódica. Submergir? Eu não estaria disposto a me perder em um papel. Algumas vezes acontece, mas é um efeito colateral, não meu objetivo. Meu objetivo é entender o texto e entregá-lo de maneira original e convincente.
Eu me perco no meu trabalho ao tentar não me perder muito. Parece muito sensato. Eu acho que as filosofias de atuação estão num mostrador. Eu tendo a me aproximar do trabalho no sentido anti-horário, e outro ator talvez se aproxime no sentido horário. Mas, ambos podemos chegar às 6 em ponto na mesma hora.


Sua personagem em Lost e em Person of Interest parecem quase contidas. Não pode haver o menor exagero. É difícil?

Sim, bem, a câmera te pede isso. Quero dizer, algum dia em um futuro não tão distante, eu espero conseguir uma grande comédia barulhenta onde eu possa ser muito extrovertido,barulhento, colorido, sabe, encima do topo no bom sentido.
Os papéis que eu estive fazendo não permitem isso. É uma paleta muito mais suave. A câmera fica tão perto que não suportará muita cor forte. A câmera e seu movimento são tão coloridos que o ator tem que aprender a jogar no sistema. Para mim, os papéis que interpretei, meu lugar no sistema, é para ser subjugado.

O que você faz para relaxar quando não está atuando?

Bem, eu não sou daqueles que tem grande hobbies envolvendo atividades. Eu não faço esqui, não velejo, ou viajo pelo mundo, ou escalo montanhas. Eu leio e passeio em qualquer cidade que eu esteja morando e vejo as atrações turísticas [risadas]. Eu sou um grande esbanjador de tempo. Eu acho que em parte, é porque, meu trabalho é tão concentrado. Aqueles longos dias no set requerem muito foco, e então eu gosto de não ter responsabilidades quando estou longe do trabalho. Eu gosto de ser autorizado a ser tão desfocado quanto eu quiser.[risadas]





Entrevista feita por Patricia Sheridan / Pittsburgh Post-Gazette.
Fontes: http://www.post-gazette.com/stories/ae/breakfast/patricia-sheridans-breakfast-with-michael-emerson-630571/


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